Resenha: Caráter Inicial e Geral da Formação Econômica Brasileira (Caio Prado Junior) - Prof. Thiago Rosário

Resenha - Cap. 2
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Colonização na América segundo Caio Prado Jr.

Até o século XV o comércio no continente europeu era quase unicamente terrestre e se desenvolvia entre o Mar Mediterrâneo e o Mar do Norte pelos países centrais, apesar da existência de uma navegação, ainda mesquinha e de cabotagem, porém, a partir deste século, esse último tipo de escoação começa a ganhar maior dimensão. Os países que se encontravam em melhor posição geográfica em relação ao mar se lançaram ao empreendimento marítimo (Holanda, Inglaterra, Normandia, Bretanha, Portugal e Espanha).
Enquanto os holandeses, ingleses, normandos e bretões se ocupavam na vida comercial recém-aberta, os países ibéricos avançavam ao mar com o pioneirismo português contando com suas vantagens geográficas buscaram a costa ocidental da África, traficando com os mouros, descobriram as Ilhas Cabo Verde, Madeira e Açores e continuaram perlongando o continente negro para o sul, e ainda na segunda metade do século XV já começavam a desenhar o plano de atingir o Oriente contornando a África, uma rota que poria em contato direto com as especiarias das Índias, tão valorizados em Europa.  
Os espanhóis buscaram outra rota às Índias, foram pelo Ocidente e chegaram na América, seguidos pelos Portugueses que toparam também com o novo continente mais ao sul, dessa mesma forma vieram depois os franceses, ingleses, holandeses, até dinamarqueses e suecos, porém, a princípio com menor densidade. Nesse primeiro momento a América surge como um obstáculo, pois todos os esforços se orientavam no sentindo de encontrar uma nova passagem para as Índias, e que logo se mostrou inviável depois das explorações no novo continente.
 Em todos os lugares que chegaram os diversos povos da Europa, foram como traficantes em busca de especiarias que abordaram todas as empresas de suas iniciativas, portanto, neste momento, colonizar era entendido como estabelecer feitorias comerciais com um reduzido pessoal incumbido apenas do negócio, sua administração e defesa armada e a América, em comparação ao Oriente, foi encontrado um território “primitivo”, habitado por uma população rala e incapaz de fornecer qualquer coisa realmente aproveitável a esse comércio, desta maneira esse continente foi deixado em segundo plano em relação às Índias.

A ideia de povoar não ocorre inicialmente em nenhum país, dado que naquele momento (inícios do século XVI) nenhum povo europeu estava em condições de diluir sua população, por ainda não ter se recuperado das devastações da peste dos séculos anteriores, porém existia a necessidade de conservação das feitorias, e para que tornar-se lucrativo o negócio, precisar-se-ia ampliar as suas bases, que fundassem e organizassem a produção dos gêneros que interessavam ao comércio, e somente desta maneira, surge a ideia de povoar, encabeçada pelos Portugueses, com as experiencias nas Ilhas do Atlântico e ampliação para América.
As primeiras feitorias nas Américas foram voltadas ao aproveitamento dos produtos espontâneos e extrativos, como madeiras de construção e tinturarias (ex. pau-brasil), pela parte portuguesa, e peles de animais e pesca, como na Nova Inglaterra. Mais felizes foram os espanhóis, que logo encontraram ouro e prata no México e Peru, o que alimentou a esperança de se encontrar metais preciosos em mais lugares o que desencadeou um maior empreendimento para colonização do centro do continente.
A partir do século XVII, essas feitorias se expandiram para povoamentos de dois tipos divergente quanto sua localização geográfica e a conjuntura político-social da Europa. Com os conflitos políticos-religiosos dos países da Europa, principalmente a Inglaterra, fizeram acontecer uma grande imigração para as áreas temperadas da América, como as colônias inglesas mais ao norte, por possuírem fatores climáticos similares ao da Europa serviram como escape para esses conflitos, pessoas que chegavam à América numa tentativa de reconstrução de lares desfeitos ou ameaçados, o que resultará em povoamentos com características semelhantes ao continente em que se originam.
As colonizações das zonas tropicais e subtropicais se desenvolvem de maneira diferente e inaugural, pois fora de um clima afeiçoado aos Europeus, o colono encontrava outros estímulos para sua permanência, quais seriam o fator de exploração econômica, já que nesses ambientes poderia ser produzido o que não era possível na Europa e que tinha alto valor no mercado, as especiarias como o açúcar. Porém, a produção nessas áreas se organizou com base em grandes unidades produtoras (fazenda, engenho, plantações) para cada proprietário, que teriam muitos trabalhadores subordinados e sem propriedade.
No caso da América Inglesa, não era interessante ao colono ingressa como mão-de-obra na América subtropical, pois como não estava na condição de proprietário estava fadado a trabalhar em proveito de outro e apenas por sua subsistência, quando podia e adquiria condições, seguia-se para os trópicos. A Inglaterra tentou utilizar colonos como mão-de-obra até o século XVII, quando a substituiu inteiramente por negros importados, já Portugal e Espanha por haver em seus países tão poucos braços disponíveis, exploraram logo a mão-de-obra escrava, dos indígenas e africanos, cuja últimos Portugal dominava o comércio.

PRADO JÚNIOR, Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1984. (Cap. 2º)

Thiago S. Rosário
São Luís, junho de 2019